Antes da Estante

Record, raves, e o padrão de Ana Paula

Posted in Uncategorized by Tomás Chiaverini on julho 31, 2009

Tive uma sensação de déjà vu, ontem, assistindo ao Jornal da Record. Pela segunda vez na semana a nova casa de Ana Paula Padrão exibiu uma reportagem denunciando mortes e tráfico de drogas em raves.

Da primeira vez  (acho que foi na terça-feira), já achei um pouco estranho, principalmente por não haver algum fato realmente novo, que justificasse a exploração do assunto em horário nobre. Além disso, a edição da reportagem deixava claro que houve um bom tanto de manipulação na forma como tudo foi montado. Mas, tudo bem, uma vez, vá lá. Afinal, falamos da rede Record, de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.

Mas eis que ontem, cometendo o desatino de assistir novamente ao mesmo telejornal, me deparo com uma segunda matéria atacando as raves. Não era idêntica, mas quase. As mesmas imagens, as mesmas entrevistas, os mesmos personagens, sem praticamente nenhum fato novo. O assunto era a morte de um garoto, numa festa Tribe, há mais de um ano.

Refestelado no sofá, portanto, refletia eu sobre os sinistros rumos do jornalismo televisivo nacional, quando, mais uma vez, a Record me surpreendeu. Sapecou no ar uma longa reportagem a respeito dos bastidores de sua próxima novela. Vejam bem, leitores da geração déficit de atenção! Tratamos do programa jornalístico sério da emissora, que pretende fazer frente ao Jornal Nacional.

Pois eu, caro Edir, voltei correndo para a companhia de Fátima Bernardes e seu tremelicante esposo, William Bonner (percebam como ele chacoalha enquanto fala).

Quanto a você, cara Ana Paula, está muito longe de seu padrão. Desculpem o trocadilho infame, mas não resisti.

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Há vida neste blog!

Posted in De Quinta by Tomás Chiaverini on julho 30, 2009

Aaaarrrrgggghhhhh, estamos de volta!

Peço desculpas pelo longo tempo que estive distante, mas às vezes, ao contrário do que a amplidão da blogosfera sugere, simplesmente não temos nada de interessante a dizer. Isto posto, direi algo que é, na verdade, bem pouco interessante.

Trata-se de um aviso, àqueles que pretendem possuir a relíquia que logo se tornará a primeira edição de “Cama de Cimento – uma reportagem sobre o povo das ruas”. Dos cerca de 3 mil exemplares impressos, restam pouco mais de trezentos, nos estoques da Ediouro.

Há um bom tanto ainda espalhado pelas livrarias do país, mas na maioria das prateleiras, a quixotesca brochura já se tornou artigo raro. Corram, pois. Mas não se atropelem, por favor.

Mijem na sopa!

Posted in De Quinta by Tomás Chiaverini on julho 2, 2009

O culto ao materialismo em nossa sociedade chegou a níveis tão altos que, vez ou outra, vemos surgir fatos aberrantes, coisas estranhas mesmo, coisas tão bizarras que não poderiam figurar nem mesmo em um filme de Fellini, ou em um livro de García Márquez. E nós olhamos essas aberrações do mundo contemporâneo, pensamos “nossa, que coisa”, e logo esquecemos, porque em pouco tempo virá outro aborto da natureza.

Mas vamos aos fatos.

Os restaurantes mais caros de São Paulo, onde uma refeição pode facilmente ultrapassar o valor do salário mínimo, se uniram, esta semana, para impedir que as gorjetas, os 10% de serviço, sejam destinados a seus garçons. Repito. Querem impedir que a gorjeta vá para seu destino natural, o bolso de quem realmente trabalha.

Pretendem contratar uma empresa de lobby, para tentar barrar o projeto de lei que obriga restaurantes a destinarem corretamente a taxa de serviço.

É isso mesmo. O engomado Fasano, com seus ternos sob medida, o moderninho e midiático Alex Atala, com suas tatuagens e piercings de mamilo, e o altivo Jun Sakamoto, com toda a sua filosofia oriental até a hora do almoço, estão preocupados porque ficarão podres de rico mais devagar.

O argumento, não só deles, mas de outros empresários endinharados, é o de sempre. Vai haver quebradeira no setor. Imagino. Imagino Alex Atala pobre. O que iria substituir sua cara sorridente na capa dos suplementos gastronômicos?

Mas, enfim, minha sugestão aos garçons: mijem na sopa, meus caros. Levantem o salmão e escarrem no sushi. Se o cliente reclamar, digam que o Vichyssoise leva uma gotinha de aceto balsâmico, que o nigiri é temperado com um tipo especial de raiz forte. Raríssima.

Ah, quantas variações podemos aventar… Cozinhem cuecas sujas no caldo de peixe. Batam o baby beef com o salto das botas. Lavem as endívias no vaso sanitário. Piquem fios de pentelho e misturem à canela do café expresso. Ejaculem no crème brûlée. E o petit gâteau?… bem, deixo à cargo de vossas imaginações. E dito isso, vou almoçar.