O alter ego feminino de Chiaverini, na revista Piauí 65
O segredo de Paulinha
Como uma garota do outro mundo fez mil amigos em dois meses
por Tomás Chiaverini
Paula Merkell é moderna, descolada e sutilmente misteriosa. Formada em moda, está no auge dos 28 anos e é muito popular. Em seu perfil do Facebook, solicitações de amizade pululam como flashes num show do Restart. Em dois meses foram cerca de 100, acompanhadas por flores virtuais, poemas e saudações enviados por amigos pixelizados de todo o país. Para os mais próximos, a notícia a seguir será um tanto dolorosa: sim, Paula Merkell não existe.
A musa não passa de uma marionete eletrônica de breve existência. Diferentemente de outros perfis falsos que se multiplicam pela rede, o de Paulinha não pretendia promover marcas, xeretar a vida alheia, buscar alvos para crimes ou colher dados para campanhas promocionais. Foi criado com o propósito único de amealhar mil amigos, meta que cumpriu em 56 dias.
Aos marmanjos que insistiram para a jovem postar fotos pessoais, causará mais aflição saber que a pessoa no comando de Paulinha é homem. Mas que não se martirizem. O avatar da jovem foi criado para figurar como um pires de mel ofertado aos súditos de Mark Zuckerberg. As pequenas armadilhas começaram já na escolha do nome. Brasileiro, simples e despojado, secundado por um sobrenome forte, emprestado da chanceler alemã Angela Merkel, com um “L” a mais no final, para minimizar o risco dos homônimos.
Crônica de estreia no Nota de Rodapé
Ressaca, Michel Teló e Times New Roman
Pretendia escrever sobre um filme. Comecei até. Ia ser um texto legal, descolado, com tiradas de humor.
No final ia ter uma co-relação com o título da coluna que, como a Helena me disse com a sinceridade anabolizada por meia garrafa de vinho, não é dos melhores.
Mas eu ia escrever porque é o que gosto de fazer, porque a ideia parecia boa, porque me comprometi com um amigo. Comecei a escrever, até. Mas estava ficando uma merda.
Não uma completa merda, mas uma merda razoável. Talvez vocês lessem e achassem bacana, se divertissem, curtissem ou até, honraria maior das redes sociais, compartilhassem no mural do Facebook. Mas o fato é que estariam lendo apenas uma merda razoável.
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