Antes da Estante

O dia seguinte

Posted in De Quinta by Tomás Chiaverini on junho 12, 2008

Há especialistas e usuários que comparam a sensações causadas por certas drogas como montanhas ao lado de vales. A montanha seria o prazer, e o vale a onda de depressão que se segue. Conforme o corpo se acostuma à droga, a montanha se torna cada vez menor e o vale cada vez mais profundo. Na tentativa de alcançar aqueles picos de prazer, o usuário ingere uma quantidade cada vez maior de drogas e está feita a caca, cria-se a dependência.

Em relação ao ecstasy, nenhum estudo conseguiu comprovar que a droga causa dependência química, mas todas as pessoas com quem conversei e que usaram a substância disseram que nada se compara à primeira vez. Também afirmaram que, na primeira experiência, os efeitos colaterais e a depressão são muito menores.

E procede. O ecstasy que tomei na festa me foi fornecido por um amigo de longa data, que tomara algumas vezes e tinha um outro amigo que lhe vendeu. Enfim, B. estava na festa comigo e tomamos o ecstasy juntos. De manhã, quando o efeito começou a baixar, eu queria conversar, trocar experiências, interagir, enquanto B. mergulhou numa depressão que lhe deixou feito uma alma penada de mau-humor.

Como disse, nos conhecemos há algum tempo e nunca antes eu havia visto B. tão baqueado, triste mesmo, desencantado com a vida, sem sono e sem vontade de continuar acordado.

Quanto a mim, os efeitos foram mais físicos. No domingo, após a festa, fui dormir à meia-noite e acordei à uma da tarde, com o corpo moído, as pernas doendo muito de dançar. Na segunda e na terça também dormi mais de doze horas e passei os dias cansado.

Meu maxilar ficou doendo até ontem (quarta feira). Meu ouvido direito ainda hoje (quinta-feira) apita um pouquinho por conta da proximidade com as caixas de som. Passei todos esses dias com o sistema digestivo funcionando mal e sem muito apetite.

Mas não tive uma gota de depressão sequer.

3 Respostas

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  1. Adrio Inveriach said, on junho 15, 2008 at 22:04

    Como te falei, conheci um jovem casal que é muito chegado em reivis, psys e congêneres. Evidentemente são consumidores eventuais de balinhas.
    Ela me disse que nunca teve ressaca de ecstasy. Mas me parece uma pessoa um pouco doidinha demais. Um tanto quanto tensa, muito agitada e bastante ansiosa.
    Ele é mais centrado… e numa conversa sobre os efeitos da droga, me disse que nunca brochou por causa de bala, muito pelo contrário. Quando toma, a transa fica mais legal.
    Agora, me disseram que também rola uma coisa chamada doce. Não sei se doce é barbitúrico ou LSD.
    Acho que o que eles tomaram é mistura dos dois, porque deixa o cara mole, mas vendo coisas, tipo árvores vermelhas…
    Mas ela disse que festa com doce é muito ruim, porque os caras ficam muito loucos, nem dá pra entender o que falam.
    No meus tempos de baladeiro, tinha uns malucos que tomavam “meleca”, (barbitúrico com alguma mistura pra não deixar dormir). Diziam que mal dava pra ficar em pé e era m uito divertido!!! Nunca tomei…
    LSD é muito perigoso, quem toma muito fica irremediavelmente perturbado… Mexe no sistema nervoso central e aí…
    aaaabbbrçççççsssss do aaaaaddddddddrrrrrrrrrrrrr

  2. Tomás Chiaverini said, on junho 16, 2008 at 13:16

    Doce é gária para LSD mesmo. E tem bastante gente que toma nas festas, também porque hoje, ele ja vem com alguma anfetamina adicionada que deixa os usuários acordados.

  3. Seleta de links « Idéias e etc said, on fevereiro 10, 2009 at 13:07

    […] as sensações de um ravers, ou seja, um freqüentador de rave. O relato está aqui, aqui, aqui e aqui. Apesar de jovem, esse é o seu segundo livro, o primeiro é “Cama de cimento” sobre os […]


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